terça-feira, 3 de julho de 2012

Dr. Aloísio Reis - Uma justa homenagem.


            No último dia 02 de julho, a Loja Maçônica Regeneração Sul Bahiana, fundada em 02 de julho de 1922, prestou uma justíssima homenagem a um dos seus mais ilustres obreiros, Dr. Aloísio Reis.
            Dizem que aquilo que se escreve é medicina do esquecimento e que as homenagens foram inventadas para conservar a memória das coisas passadas contra a tirania do tempo e contra o esquecimento dos homens.
            Quando faltam palavras escritas, a memória se perde, a inteligência se ofusca e somos entregues ao imaginário que, notoriamente, não tem censura nem limites.
            Daí porque as homenagens são chamadas de reparadoras da memória.
            Esta foi a razão, creio, que levou os irmãos maçons a prestarem esta homenagem a Dr. Aloísio Reis, além de servirem-se dele como honrosa figura humana. E que tenho o prazer de participar. Faço-o com muito carinho, porque também desta forma estarei homenageando a figura extraordinária que é o meu sogro Dr. Aloísio Reis.
            Esta homenagem traz o perfil de reparador de memória. É um pouco obra coletiva, porque várias pessoas tiveram participação decisiva para que ela viesse a lume e fizesse rememorar e ressurgir o brilho e o valor de uma vida verdadeiramente exemplar.
            Os exemplos não se fizeram senão para ser citados e este é tão bom e bonito que a omissão seria um pecado.
            Há, nesta homenagem, reminiscências tão confortantes que não se aquietariam enquanto a pena não a escrevesse e publicasse.
            A vida de Dr. Aloísio Reis, suas ideias, suas convicções, sua crença, sua luta merecem altar e incenso no convívio dos que lhe conheceram.
            As pessoas que amamos e com quem comungamos na cotidianidade da vida, sorvendo alegrias, tristezas, esperanças e riscos, ficam gravadas no coração, como a imagem única de um rosto fotografado. A homenagem dos irmãos maçons traz a imagem de um rosto fotografado. “Dr. Aloísio Reis” pertence a uma geração de homens que vieram ao mundo para perenizar memórias que não permitem deslembrá-los. Perenizam-se e a posteridade agradece as lições e o exemplo de vida que eles nos legaram.
            Eles têm o poder de fazer com que as águas passadas tornem-se de novo a passar.
            Dr. Aloísio Reis é um sábio. Além da Contabilidade e do Direito, frequentou a faculdade da vida. Vivida e sofrida. Feliz e confiante fez-se a si mesmo. A fé que alimentava sua alma, convencendo-o do que era capaz de fazer é a mais elevada de todas as fés. Não foi pusilânime.          Ele é simples, mas verdadeiro. Sério, circunspecto, honrado e educado. Tinha que ser um funcionário do Banco do Brasil!
            No seu tempo, foi um pequeno Moisés pontificando de cima de seu próprio Sinai: Palmeiras. Foi um homem da paz. Um pacificador. Um homem muito especial para a sociedade da sua época.
            Como é profética e grandiosa a alma de um homem assim! Um semeador do bem. Fermento que fez crescer e multiplicar. Difundia-se. Prodigalizava-se.
            Não há nada nele que possa embaciar o seu caráter. Quando em atividade, ninguém lhe superava a coragem, a determinação e a grandeza de sentimentos. Sua palavra um compromisso. Sua promessa, uma garantia. Inspirava respeito. Os grandes homens são necessários. Convenhamos.
            Mas, não podia falar sobre Dr. Aloísio Reis sem aludir o nome de D. Carlota Medauar. Seria uma omissão indesculpável.
            O casamento é um momento de grande ternura e o Tabelião Divino sabe as coisas que se juram em tais momentos. Ele as registra nos seus livros eternos. O de Dr. Aloísio Reis e D. Carlota foi assim. O Tabelião registrou e abençoou o juramento observado na perpetuidade do amor. Conjugalmente.
            O que se constata é que, se a felicidade conjugal pode ser comparada à sorte grande, eles foram premiados com o bilhete comprado de sociedade.
            Mulher forte e determinada, ainda que bastante jovem, D. Carlota Reis pôs-se ao lado do esposo, decidida e com denodo. A única riqueza que possuíam era a fé e a vontade de vencer e, para tanto, um ao lado do outro, não pouparam esforços e sacrifícios. Constituíram e construíram uma linda família que, ainda hoje, é um exemplo a ser seguido.
            Justíssima, pois a homenagem que ora se lhe fazem.
            Este artigo é também um penhor à gratidão, um testemunho de carinhos. Se comemorar quase noventa anos de vida já é um privilégio para poucos, fazê-lo registrado numa homenagem da Maçonaria torna-se extraordinariamente singular. É como se aqueles que o integram, dissessem: nós te recordaremos com amor e com as mais preciosas lembranças. Sempre. É preciso ser privilegiado para ter direito a privilégio tão precioso. As coisas grandes e belas não podem ser bens comuns. Os Romanos já o diziam: “pulchrum est paucorum hominum”. Dr. Aloísio Reis está entre estes poucos homens. Paucorum hominum.
            Conviver com Dr. Aloísio é prosear com lembrança e com saudade. Glórias rememoradas. Reminiscências. A cada conversa, os sonhos do passado embalados pelas lutas, misturam-se com as conquistas do presente.
            Esta homenagem chega ao final, mas inconcluso.
            Nela não cabe conclusão final, porque a história desta família continua. A história de Dr. Aloísio Reis e de sua família não termina aqui.
            Enquanto existir um seu descendente, uma nova página estará sendo escrita.
Ilhéus, Julho/2012.

Rômulo de Andrade Moreira

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