No
último dia 02 de julho, a Loja Maçônica Regeneração Sul Bahiana, fundada em 02
de julho de 1922, prestou uma justíssima homenagem a um dos seus mais ilustres obreiros,
Dr. Aloísio Reis.
Dizem
que aquilo que se escreve é medicina do esquecimento e que as homenagens foram
inventadas para conservar a memória das coisas passadas contra a tirania do
tempo e contra o esquecimento dos homens.
Quando
faltam palavras escritas, a memória se perde, a inteligência se ofusca e somos
entregues ao imaginário que, notoriamente, não tem censura nem limites.
Daí
porque as homenagens são chamadas de reparadoras da memória.
Esta
foi a razão, creio, que levou os irmãos maçons a prestarem esta homenagem a Dr.
Aloísio Reis, além de servirem-se dele como honrosa figura humana. E que tenho
o prazer de participar. Faço-o com muito carinho, porque também desta forma
estarei homenageando a figura extraordinária que é o meu sogro Dr. Aloísio Reis.
Esta
homenagem traz o perfil de reparador de memória. É um pouco obra coletiva,
porque várias pessoas tiveram participação decisiva para que ela viesse a lume
e fizesse rememorar e ressurgir o brilho e o valor de uma vida verdadeiramente
exemplar.
Os
exemplos não se fizeram senão para ser citados e este é tão bom e bonito que a
omissão seria um pecado.
Há,
nesta homenagem, reminiscências tão confortantes que não se aquietariam enquanto
a pena não a escrevesse e publicasse.
A
vida de Dr. Aloísio Reis, suas ideias, suas convicções, sua crença, sua luta
merecem altar e incenso no convívio dos que lhe conheceram.
As
pessoas que amamos e com quem comungamos na cotidianidade da vida, sorvendo
alegrias, tristezas, esperanças e riscos, ficam gravadas no coração, como a
imagem única de um rosto fotografado. A homenagem dos irmãos maçons traz a
imagem de um rosto fotografado. “Dr. Aloísio Reis” pertence a uma geração de
homens que vieram ao mundo para perenizar memórias que não permitem
deslembrá-los. Perenizam-se e a posteridade agradece as lições e o exemplo de
vida que eles nos legaram.
Eles
têm o poder de fazer com que as águas passadas tornem-se de novo a passar.
Dr.
Aloísio Reis é um sábio. Além da Contabilidade e do Direito, frequentou a
faculdade da vida. Vivida e sofrida. Feliz e confiante fez-se a si mesmo. A fé
que alimentava sua alma, convencendo-o do que era capaz de fazer é a mais
elevada de todas as fés. Não foi pusilânime.
Ele é simples, mas verdadeiro. Sério, circunspecto, honrado e educado. Tinha
que ser um funcionário do Banco do Brasil!
No
seu tempo, foi um pequeno Moisés pontificando de cima de seu próprio Sinai:
Palmeiras. Foi um homem da paz. Um pacificador. Um homem muito especial para a
sociedade da sua época.
Como
é profética e grandiosa a alma de um homem assim! Um semeador do bem. Fermento
que fez crescer e multiplicar. Difundia-se. Prodigalizava-se.
Não
há nada nele que possa embaciar o seu caráter. Quando em atividade, ninguém lhe
superava a coragem, a determinação e a grandeza de sentimentos. Sua palavra um
compromisso. Sua promessa, uma garantia. Inspirava respeito. Os grandes homens
são necessários. Convenhamos.
Mas,
não podia falar sobre Dr. Aloísio Reis sem aludir o nome de D. Carlota Medauar.
Seria uma omissão indesculpável.
O
casamento é um momento de grande ternura e o Tabelião Divino sabe as coisas que
se juram em tais momentos. Ele as registra nos seus livros eternos. O de Dr.
Aloísio Reis e D. Carlota foi assim. O Tabelião registrou e abençoou o
juramento observado na perpetuidade do amor. Conjugalmente.
O
que se constata é que, se a felicidade conjugal pode ser comparada à sorte
grande, eles foram premiados com o bilhete comprado de sociedade.
Mulher
forte e determinada, ainda que bastante jovem, D. Carlota Reis pôs-se ao lado
do esposo, decidida e com denodo. A única riqueza que possuíam era a fé e a
vontade de vencer e, para tanto, um ao lado do outro, não pouparam esforços e
sacrifícios. Constituíram e construíram uma linda família que, ainda hoje, é um
exemplo a ser seguido.
Justíssima,
pois a homenagem que ora se lhe fazem.
Este
artigo é também um penhor à gratidão, um testemunho de carinhos. Se comemorar quase
noventa anos de vida já é um privilégio para poucos, fazê-lo registrado numa
homenagem da Maçonaria torna-se extraordinariamente singular. É como se aqueles
que o integram, dissessem: nós te recordaremos com amor e com as mais preciosas
lembranças. Sempre. É preciso ser privilegiado para ter direito a privilégio
tão precioso. As coisas grandes e belas não podem ser bens comuns. Os Romanos
já o diziam: “pulchrum est paucorum hominum”. Dr. Aloísio Reis está entre estes
poucos homens. Paucorum hominum.
Conviver
com Dr. Aloísio é prosear com lembrança e com saudade. Glórias rememoradas.
Reminiscências. A cada conversa, os sonhos do passado embalados pelas lutas,
misturam-se com as conquistas do presente.
Esta
homenagem chega ao final, mas inconcluso.
Nela
não cabe conclusão final, porque a história desta família continua. A história
de Dr. Aloísio Reis e de sua família não termina aqui.
Enquanto
existir um seu descendente, uma nova página estará sendo escrita.
Ilhéus, Julho/2012.
Rômulo de Andrade
Moreira
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