Se olharmos pelo aspecto histórico, com certeza a fábrica não deveria ter sido demolida, mas, considerando que os proprietários - herdeiros de Hugo Kaufmann, jamais demonstraram interesse em fazer qualquer investimento no local, nem mesmo vender o imóvel, com certeza esta foi a única maneira de solucionar o problema. Se não tivesse sido feito, com certeza o meu neto (que tem 5 anos) quando chegasse a minha idade (52) ainda veria as ruínas.
Para quem gosta de história aí vão dois trecho de publicações referente ao empreendimento pioneiro dos Kaufmann com algumas fotos da fábrica em funcionamento no ano de 1942.
"O processo de industrialização do cacau nos países produtores teve início em 1927 quando o pioneiro Hugo Kaufmann montou a primeira usina de beneficiamento de cacau de Ilhéus - a Usina Vitória. Daquela data em diante outras indústrias instalaram-se na Bahia, mas o Brasil continua sendo o único país produtor de cacau que industrializa o produto, embora não o faça integralmente. Os demais, africanos e americanos, limitam-se a vender o produto primário, sob a forma de bagas". (Guia Turístico do Cacau, Ed. Panorama, 1964, p. 79)



"Em 1927, com o aparecimento em Ilhéus da Usina Vitória, montada por Hugo Kaufmann, iniciou-se o processo de industrialização do cacau nos países produtores.
Em 1925 o pioneiro Hugo Kaufmann fez uma aliança com Manoel Misael da Silva Tavares dando origem à firma Kaufmann & Tavares que foi desfeita em 1942, passando a girar com a antiga razão social, Hugo Kaufmann & Cia. No ano seguinte, foi transformada em Cacau Industrial e Comercial S.A.
Hugo Kaufmann morreu no dia 30 de abril de 1948 passando a empresa a ser dirigida pelos seus herdeiros o que vem acontecendo até os dias atuais.
Em 1957 a Cacau Industrial e Comercial S.A. inaugurou em Itabuna a Usina Helvética, uma das fábricas mais modernas de subprodutos do cacau". (Estórias da História de Ilhéus, Edições SBS, 1970, p. 234)



Esses trechos das publicações citadas traduzem a grandeza do império construído pelo pioneiro Hugo Kaufmann, na industrialização do cacau, que terminou com a venda da Berkau, indústria construída por seu fiho Bernardo, no Iguape.
Há quase trinta anos a Usina Vitoria foi desativada e de lá para cá, nenhum investimento foi feito no local, nem mesmo vigilância existia.
Muitas são as opiniões sobre a demolição da antiga indústria, uns contra, alegando a história, outros por serem contra o governo, enfim, cada um tem o direito de pensar e opinar como bem entender.
Nessas fotos, do ano de 1942, pode-se notar a grandeza do empreendimento realizado. Como curioso da história de Ilhéus, lamento o fato de que a família Kaufmann ter se tornado inacessível a qualquer entendimento. Ninguém pode dizer que o procedimento foi arbitrário. Foi feito com base legal, através de uma decisão judicial e na justiça os proprietários da área não aproveitaram o direito do contraditório. Não foi por falta de aviso, inclusive público, após a recusa de assinatura das notificações. Daqui para a frente a história passará a limpo o fato.
É difícil a identificação das pessoas nas fotografias, porém, como o Diretor Industrial era o Sr. Josef Kaufman, muito provavelmente é ele quem está entre o maquinário e os funcionários.