Por Daniel Thame
A demissão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, traz de volta uma discussão batida e sem sentido, mas que rende muita polêmica.
Para alguns analistas e para a esmagadora maioria dos ambientalistas, a defenestração de Marina significa que entre a ecologia e a economia, o presidente Lula ficou com a economia.
Nos últimos meses, Lula vinha se queixando de que o Ibama atrapalha o andamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, menina dos olhos do governo, por conta do rigor na concessão de licenças ambientais. No caso da construção de uma hidrelétrica no Rio Madeira, Lula chegou a ironizar, dizendo que tinha mais gente preocupada com os bagres do que com o desenvolvimento da Região Norte do país.
Marina Silva vestiu a carapuça, as escaramuças aumentaram e o pedido de demissão, em caráter irrevogável, pode ter sido uma surpresa pela forma como ocorreu, mas era algo absolutamente previsível.
A frágil Marina (fisicamente, bem entendido) é um ícone do movimento ambientalista e inarredável em suas convicções. Sua saída no Ministério do Meio Ambiente teve grande repercussão, visto que aos olhos do mundo, o Brasil precisa preservar suas reservas naturais, especialmente a floresta amazônica, espécie de pulmão de um planeta devastado.
O embate ecologia x economia, entretanto, é despropositado e muitas vezes leva a exageros, quando não a verdadeiras aberrações.
O embate ecologia x economia, entretanto, é despropositado e muitas vezes leva a exageros, quando não a verdadeiras aberrações.
O Sul da Bahia tem dois exemplos claros dessa batalha sem sentido.
Em Canavieiras foi criada, à revelia da população, uma Reserva Extrativista que, se levada ao pé da letra, praticamente inviabiliza a atividade econômica da cidade. A Resex é alvo de protestos contínuos, porque compromete o turismo e a carcinicultura (criação de camarões em cativeiro), justamente os setores que mais geram empregos num município que já não pode contar com as riquezas geradas no passado pelo cacau. A insensibilidade do Ibama é tamanha que, recentemente, fiscais queimaram equipamentos de trabalho de um simples pescador, afetando a sobrevivência de sua família.
Em Ilhéus, o anuncio da construção de um complexo portuário, que terá investimentos superiores a 4 bilhões de reais e vai gerar cerca de 10 mil empregos, já que inclui também ferrovia e um pólo industrial, gerou tamanha reação de ambientalistas que, aos mais desavisados, tem se a impressão de que vem aí o apocalipse. Muitos desses ambientalistas, é bom que se diga, vivem nababescamente, abastecidos por gordas verbas federais e de ONGs do Exterior. Podem se preocupar com meio metro de praia, dois ou três macaquinhos e meia dúzia de guaiamuns, enquanto milhares de pais de família sofrem com o desemprego.
Ninguém, em sã consciência, é contra a destruição da natureza, a devastação predadora. Até porque, agredir a natureza é ferir de morte o planeta. O que se deve evitar é o radicalismo, como se não fosse possível conciliar ecologia e economia.
É possível sim, desde que haja diálogo, bom senso.
Entre a ecologia e a economia, temos que ficar é com os dois!
4 comentários:
Sempre gostei da forma objetiva e clara com que Daniel Thame trata seus artigos. Este, por exemplo, é um tapa de luva para aqueles que insistem em dizer que haverá um apocalipse ambiental na região norte de Ilhéus. Sou a favor da ecologia, do meio ambiente, mas também sou a favor do desenvolvimento sustentável. E, tenho plena certeza que este investimento não está sendo feito a facão.
Resta saber se o Sr. Thame sabe o que é sustentabilidade. De sustentável o tal projeto do porto nada tem. Veja o que acontece agora em Salvador com a carga de urânio que não embarcou até agora. Vá morar em Caetité.
Muito interessante as palavras do articulista aí! Porém, acrescento às suas palavras "agredir a natureza é ferir de morte o planeta", que isso significa, principalmente, nossa autodestruição enquanto espécie. Lembremos de que a Terra já passou por muitas "provações" e continua aqui. Será que nós continuaremos? Se formos levar a cabo as etimologias contidas nessa celeuma toda, podemos concluir que Economia é, antes de tudo, cuidar/administrar da nossa casa. Ecologia é apenas um modo de descobrir como, através dos estudos. Equilibrar tudo isso é, portanto, garantir e perpetuar a nossa existência! Pelo menos aqui na Terra...
Esse comentário " dois ou três macaquinhos e alguns guaiamuns" mostra que o Daniel não dá a mínima pra natureza, pois o desenvolvimento acima de tudo, é um fator gerador de poluição, e o que se vê como salvador - esse porto - na verdade tem muit menos potencial para atrair investimentos do que um projeto de ecoturismo, por exemplo. Esse projeto do porto serve mais para "abastecer" empreiteiras e o bolso de um ou dois jornalistas...
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